segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Diante fica a página em branco. De versos singelos que não pude dar, de momentos que não pude esquecer vivendo, de esquecer que já estava alcançando quando já via a coisa escorrer pelas mãos, pulando, o salto para o inquieto mundo que ainda nunca chega e quando perto de chegar, voltando, querendo, sonhando. Alçando-se daquela mania de sorver a vida ou estar sempre à frente ou sempre atrás do próprio, mas nunca no seu ponto mesmo. Do cansaço de dizer que todos estão loucos e de ver que nem é tanto assim. É que nesse mundo atribulado, de vai e vem, ou quem consegue ficar sempre parado, achando que já deu? Resiste a viver em sua dor, sintomas da sua fraqueza, esse mal estar, do seu desequilíbrio? Passaria a vida toda perguntando a si mesmo o que foi feito, passando o tempo? Dos sábios ouve: seja como for, evitar os vícios, não são bons pra ninguém, não faça isso, faça aquilo, isso vai dar um bom dinheiro. Como queria ser você. Um café, talvez um cigarro. São coisas que todos fazem, mas abandonar tudo pensando em fazer isso como quem lava as mãos?! Mudar de nome, julgando-se a si mesmo culpado e medíocre, de endereço, sempre perdendo o celular, trocando de número, disfarçando seu aspecto dúbio, refugiando-se no além? E como podia ser diferente das arestas que lhe prendem e que não lhe fazem despertar, de si, de si. Ecos. Seria melhor pensar em definir logo todas essas metas, tornando tudo bastante coerente para todos que o amam, que o esperam, que o impelem a algo, desejando ver o seu sucesso logo. Logo. É tudo isso aí. Fecha os olhos e mergulha num incrível sonho profundo que virá é que tudo já começou. E bem diante de si está tudo pronto, a casa, a família, o almoço na mesa, a roupa lavada, o computador e o dia todo, um emprego decente, respeitável. Mas tinha que ruminar tudo isso. Diante da página fica tudo em branco.

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