Incenso
Contrassenso
Tem que ser agora
A sua hora, porque você não tolera esperar
Caos, influxo, frouxo, pensamento, abas e abas a girar
Minha vida, sanha louca
Banquete de dúvidas
Parto transeunte por aí, ao vento, da noite que não findou
meu dia de cão
Espero que mude que passe que a poeira levante a força
No vale desses egos cansados, nada mais
Porque vem a morte, depois da sorte, o mistério a dar em
nada
Vem meu esquecimento, essa ponte quebrada de algum lugar
Vem o dia a dia sem recibo sem nota, sem amor, sem atenção
Gestos da lâmina morta
Do desenho que não nasceu
Da canção que não nasceu
Da dança que não fiz
E o verso nasceu no trabalho
Da rotina a mesma
Da vizinha que me encara e não diz o porquê
De alguém que vira as costas
Da rua passando
Desse sorriso amarelo, teatral, do ódio que aos poucos revela
a tessitura da dor enquanto perco a hora do trem
quando sentado penso que não sei quem sou
e sigo para o encontro de pessoas em bancos de praça
escutando gargalhas escrotas por aí
na beleza das coisas
tropeço num ser elevado que me diz que é bom, que é bom pra
mim
e me deparo com o velho maluco da teoria dos reptilianos na
fila do suco às 23, depois da aula
para acordar às seis
sândalo, dama da noite, arruda
Não dava pra ser a poesia agora
Mas você deseja entrar em meu texto caótico
Ele te coloca um senso, no meio do fragmento
No vidro no metrô
Refletida a moça japonesa de olhinhos puxados
Risco a pincel, a carinha pequenina
eu sempre divagando o tempo e as coisas
Das vozes que sempre esqueço, do que vivo a me perguntar
Carregando uma dor no peito, certa doença
Perdendo a hora de assinar os fatos e recolher os papéis
O tempo está
Acabando...
Enquanto no murmúrio das coisas, repousa aquela borboleta
chinesa
E como entrarias em meus espaços de silêncio, como te
manifestarias¿
Insólito verbo , doce espanto e punhal ¿
Também não verias a mocinha japonesa refletida
Colocando os seus delicados pés na corda desse verso
E se equilibrando como pluma desenhada , quase voando como
passarinha que pudesse cantar para ti o que tu sonhastes
maior não seria o teu amor por ela¿
Aproximo do Só
Na companhia de letras e histórias
Já traçando tua persona
em citronela incenso e puxadores exóticos da sua cômoda
ancestral onde colocas teus mistérios
e em mim desaba a letra desvairada
e agora não dava pra ser
o elefante preto pra
queimar incenso
in senso que você me deu
Incenso:pensamento positivo
Tenho de dormir, mas não sei a hora
Já é tarde, pássaros cantam, não me deixam dormir, porque
necessito de silêncio.
Silêncio da noite sendo o dia, em meu peito cansado, de
muito pensar hoje,
Em círculos, precisaria chegar a lugar algum.
Amanhã pego no batente.
Uma semana se aproxima, vem ventando, céu da cidade de
outros.
Me pedes um poema pra ti, meu bem, vou dormir elaborando.
Incenso: pensamento positivo.
Os sentimentos se curvam ante as paredes amareladas, sujas
pelo tempo.
Tudo são coisas a preencher espaços.