quinta-feira, 19 de dezembro de 2013



queria cantar mas não foi dessa vez
mesmo assim tenho o peito em grata felicidade
porque por dentro sorrio
festejando meus cantos de ninguém 

eu que não sou mais triste
nessa noite, não sinto nada!
só a mente viaja 
em pés que me conduzem por aqui
em mundos que eu não sei do mais
pra contar a você
caminho do venturo
desse que se fez

o que tanto escuto
o que a entoar
a repetir eu asseguro?
o que dizer
do que dirá
cansada
enfastiada
da vida, mas não posso escapar
do monturo
clava que me dói 

sei que vais me execrar
por mastigadas já palavras e cuspidas
por meus descuidos que já deves saber de cor
o mundo é livre pra você ir ou ficar
não sei o que fazer
pra que você não me veja fraco
e pense que caí

agindo feito bobo
dono do que não sou
para onde vou?
aproximo palavras
em meus extravios
e desconhecendo os fatos
sigo o que faço, descompassos
de seres sós

procuro por outros ares
e outros lugares em janelas
outros seres em imagens
e verdades que alguém pintou
num canto que ainda não dessa vez

 




 doido falando por aí
garota da tarja preta
ah se tem ao montes aqui
vomitando, o quê?!
rivotril,
nunca vi.



segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O hipotético maluco
já não liga mais pra sua cara de coitado
(a dele).
Continua a dar galopes de bêbada criança,
Querendo avoar, num pássaro mais perdido do que nunca
o mais alto de todos, para quem sabe, depois, pular
pelas ruas e edifícios bem definidos -
que se abrem como as pernas de cidades bambas
para os seus anseios arrependidos
e de planos amassados, porque lhe faltam os dentes.
E como quem ainda sonha acordado, a viajar em suntuosos navios de Naves de Nada.
Histriônica risada ele te dá.
Para quem não há lugar,
Para onde irá com essa pinta de palhaço?
Pendente em sua gola rota,
A imagem esfacelada de um pranto paupérrimo,
que o hipotético maluco (chorou ontem).
Ele nunca deixa de tentar tocar a própria face refletida no espelho,
Mas suas mãos ridículas atravessam a imagem como água lisérgica.

Coça a cabeça e sorri, o atabalhoado maluco de pedra: 

"- Quero conseguir retirar um coelho safado dessa sua cartola de mundano" - diz ele, ao impoluto PHD que passeia no prédio com uma pasta azul na mão, alguns papéis caindo.

"Por mais interessante que seja a realidade ela será difícil de perceber..." - pensa o PHD em sapatos, ao escutar o porra louca.

"- E sonho com um dia em que serei ajudante de palhaço ou poeta de rua" (maluco hipotético, falando para ninguém

"Ah, e esse maluco que não pára de falar, ainda bem que é inofensivo, quase de mentirinha. E não morde e nem baba." (alguém que passava sorrindo, porque era bom.)

A volta que o poema dá em si mesmo
É aqui a árdua tarefa de descrevinhar para si o mundo,
sem paracer loucão.
Contando estórias para se manter acordado, por mais estropiado. 
Penso em todas aquelas criaturas que andam por aí pelas ruas, dando aqueles pulinhos tipo Charles Chaplin e olham pra trás, exibindo uma piscadinha. Você já viu?
Mas é assim mesmo, fio, mundo anda doidão... desde tempos tão falando assim... que anda doidão!
Outro dia uma transeunte tira a calça e mostra a bunda na rua, quer sentir aquele ventinho adentrando a sua sanidade.
Você vê tudo pela janela do ônibus, mas não acredita um tanto não.




terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Dramática
Estão falando de Semiótica
E descontrui-se o real
A ideia em vias infinitas de fatos
em via infinita
Convergindo em um ponto que se explodiu
Gramática para te fazer companhia
dos teus erros de Gramática
Que estará a criar essa dor profunda que dói nos ossos
não os seus
E também separaram o sofrimento da dor
A identidade não pertence aos homens.
Pertencerá?
Ignoro o que fiz lembrando...
A cada instante sou mortal
pagando o preço da delirante cruz
Espelho que não me vê
Sou mais eu de novo
Urbana
Pomba sem cérebro a vagar

Olhinhos de medo que conseguem assustar

Pomba rata da rua
Estão acabando com o tempo
Gramática Cruel
Espaço do tempo próprio
Palavras 
Dossiês
Estratégias para voltar

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Neura, num arquivo indefinido.



Não é pra fazer um poema
Sou eu.
Não é esse mundo
É mais além.
Pra dentro da memória.
Juntando bocados do que ficou
No tempo do muito pouco que se viveu
que se leiam as suas histórias.
Temos os papéis dos
dias vividos.


 Letras vivas mais que a verdade da morte
Temos os computadores de agora
pra captar a vida instantânea que começou
pra nós, noutro tempo e espaço.
Fotografias e ídolos que marcham para o futuro
Registrar, é... conhecer... é... rever
para que se apreenda todo o encanto
De quem foi, onde fica tudo guardado
Pra alguém.


Unir coisas a algum sentido
Unir sentidos do que se fez obra
Não sou eu.
É meu trabalho de criar layouts
pro velho novo,
desafio que começou.
São as cores de milhares que me atravessam
São Fotografias e Cartas, 
Ciência e Arte
Cultura e Objetos.


    Os que se foram pareciam ser tão/tão bons
Pra falar de tudo isso da saudade que vai mexer com todos nós
Pra juntar o irremediável
tempo do que não se tem
Saberei ligar todos os pontos do contrafluxo
até ler todos os papéis?
Abrirei todas as gavetas até esgotar o vazio
daqueles que nunca saberei?


Não é pra ser um poema
Nem eu...
O bonito disso tudo 
Já se vai
Sem nunca se perder
quando ainda é
Vida
pra 
enaltecer