quinta-feira, 19 de dezembro de 2013



queria cantar mas não foi dessa vez
mesmo assim tenho o peito em grata felicidade
porque por dentro sorrio
festejando meus cantos de ninguém 

eu que não sou mais triste
nessa noite, não sinto nada!
só a mente viaja 
em pés que me conduzem por aqui
em mundos que eu não sei do mais
pra contar a você
caminho do venturo
desse que se fez

o que tanto escuto
o que a entoar
a repetir eu asseguro?
o que dizer
do que dirá
cansada
enfastiada
da vida, mas não posso escapar
do monturo
clava que me dói 

sei que vais me execrar
por mastigadas já palavras e cuspidas
por meus descuidos que já deves saber de cor
o mundo é livre pra você ir ou ficar
não sei o que fazer
pra que você não me veja fraco
e pense que caí

agindo feito bobo
dono do que não sou
para onde vou?
aproximo palavras
em meus extravios
e desconhecendo os fatos
sigo o que faço, descompassos
de seres sós

procuro por outros ares
e outros lugares em janelas
outros seres em imagens
e verdades que alguém pintou
num canto que ainda não dessa vez

 




 doido falando por aí
garota da tarja preta
ah se tem ao montes aqui
vomitando, o quê?!
rivotril,
nunca vi.



segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O hipotético maluco
já não liga mais pra sua cara de coitado
(a dele).
Continua a dar galopes de bêbada criança,
Querendo avoar, num pássaro mais perdido do que nunca
o mais alto de todos, para quem sabe, depois, pular
pelas ruas e edifícios bem definidos -
que se abrem como as pernas de cidades bambas
para os seus anseios arrependidos
e de planos amassados, porque lhe faltam os dentes.
E como quem ainda sonha acordado, a viajar em suntuosos navios de Naves de Nada.
Histriônica risada ele te dá.
Para quem não há lugar,
Para onde irá com essa pinta de palhaço?
Pendente em sua gola rota,
A imagem esfacelada de um pranto paupérrimo,
que o hipotético maluco (chorou ontem).
Ele nunca deixa de tentar tocar a própria face refletida no espelho,
Mas suas mãos ridículas atravessam a imagem como água lisérgica.

Coça a cabeça e sorri, o atabalhoado maluco de pedra: 

"- Quero conseguir retirar um coelho safado dessa sua cartola de mundano" - diz ele, ao impoluto PHD que passeia no prédio com uma pasta azul na mão, alguns papéis caindo.

"Por mais interessante que seja a realidade ela será difícil de perceber..." - pensa o PHD em sapatos, ao escutar o porra louca.

"- E sonho com um dia em que serei ajudante de palhaço ou poeta de rua" (maluco hipotético, falando para ninguém

"Ah, e esse maluco que não pára de falar, ainda bem que é inofensivo, quase de mentirinha. E não morde e nem baba." (alguém que passava sorrindo, porque era bom.)

A volta que o poema dá em si mesmo
É aqui a árdua tarefa de descrevinhar para si o mundo,
sem paracer loucão.
Contando estórias para se manter acordado, por mais estropiado. 
Penso em todas aquelas criaturas que andam por aí pelas ruas, dando aqueles pulinhos tipo Charles Chaplin e olham pra trás, exibindo uma piscadinha. Você já viu?
Mas é assim mesmo, fio, mundo anda doidão... desde tempos tão falando assim... que anda doidão!
Outro dia uma transeunte tira a calça e mostra a bunda na rua, quer sentir aquele ventinho adentrando a sua sanidade.
Você vê tudo pela janela do ônibus, mas não acredita um tanto não.




terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Dramática
Estão falando de Semiótica
E descontrui-se o real
A ideia em vias infinitas de fatos
em via infinita
Convergindo em um ponto que se explodiu
Gramática para te fazer companhia
dos teus erros de Gramática
Que estará a criar essa dor profunda que dói nos ossos
não os seus
E também separaram o sofrimento da dor
A identidade não pertence aos homens.
Pertencerá?
Ignoro o que fiz lembrando...
A cada instante sou mortal
pagando o preço da delirante cruz
Espelho que não me vê
Sou mais eu de novo
Urbana
Pomba sem cérebro a vagar

Olhinhos de medo que conseguem assustar

Pomba rata da rua
Estão acabando com o tempo
Gramática Cruel
Espaço do tempo próprio
Palavras 
Dossiês
Estratégias para voltar

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Neura, num arquivo indefinido.



Não é pra fazer um poema
Sou eu.
Não é esse mundo
É mais além.
Pra dentro da memória.
Juntando bocados do que ficou
No tempo do muito pouco que se viveu
que se leiam as suas histórias.
Temos os papéis dos
dias vividos.


 Letras vivas mais que a verdade da morte
Temos os computadores de agora
pra captar a vida instantânea que começou
pra nós, noutro tempo e espaço.
Fotografias e ídolos que marcham para o futuro
Registrar, é... conhecer... é... rever
para que se apreenda todo o encanto
De quem foi, onde fica tudo guardado
Pra alguém.


Unir coisas a algum sentido
Unir sentidos do que se fez obra
Não sou eu.
É meu trabalho de criar layouts
pro velho novo,
desafio que começou.
São as cores de milhares que me atravessam
São Fotografias e Cartas, 
Ciência e Arte
Cultura e Objetos.


    Os que se foram pareciam ser tão/tão bons
Pra falar de tudo isso da saudade que vai mexer com todos nós
Pra juntar o irremediável
tempo do que não se tem
Saberei ligar todos os pontos do contrafluxo
até ler todos os papéis?
Abrirei todas as gavetas até esgotar o vazio
daqueles que nunca saberei?


Não é pra ser um poema
Nem eu...
O bonito disso tudo 
Já se vai
Sem nunca se perder
quando ainda é
Vida
pra 
enaltecer



quinta-feira, 28 de novembro de 2013



De fila
em fila
mas por que o cara já vai se adiantando
pra fechar o portão!
tudo não pode ser essa miséria
impaciência
na hora do café
que de mim ela não gosta eu sei
não tenho o estertipo
nem sei quem sou
ando a divagar a me
repetir
sorrio sempre entre essas pessoas
cinemática
eis a minha oração em 
cima do prato
a que se degustar 
uma certa dose de falseamento
antes do pão
ainda bem que alguns são bons
o bastante pra valer
a corrida.............................................


terça-feira, 26 de novembro de 2013




Click
Meu coração tá cansado
Tac
Cai um pingo na tela
Eu não sei cantar
Instantes caiados
De da da



segunda-feira, 25 de novembro de 2013

4:00 a.m.AR


Um dia chega, plenamente,
pro meu acordar cedo e escovar os dentes.
Ontem com você, gastei os meus sapatos de chuva...
Beijei o seu rosto e
você disse de minhas mil caretas quando estava perto
E já era hoje com o seu gosto.
Despertar olho por olho,
me faz ver que as estações são incertas possibilidades,
em minutos que a gente se toma pela cidade.
Juntos me refaço de mim, em tempo de pontes reais, túneis e as ruas...
Meu bem, ao passar por elas, é que te acho.
Meu bem, elas já são mais coerentes que os meus precipícios de sonhos - são avenidas e toda a gente para onde vai. Vão indo...
Enquanto zango pela minha janela de memórias,
noto feliz que não saí do seu lado.
Tenho mesmo os sapatos de chuva que me levam por toda a parte,
porém o agora:
seus mapas e o mistério de café cheirando entre trilhos,
em estações de instantes que nos seduz a cidade,
só é a sua pele que me trás contentamento.
E quando tudo para poder te dizer que cheguei à tempo,
que tenho agora um caso sério quando te desejo, bom trabalho....




Meias
Cotonetes
Nocaute
Medos
Bem - te - vis
Pegasus
Apocalipse
Inseticida
Vitamina
Buraco
Chão
Lista de Desejos:
São palavras.

Não sofra, moça bonita!
Porque és tão graciosa,
Tens a pele tão sedosa,
Numa caixa tão vazia...



                              Transparente melancolia                             
                              Da vida que não perde o sentido
                              Ao te tornar fotografia
                              De encarte perdido




segunda-feira, 18 de novembro de 2013


Estética
Espaço põe místico
"Fazes o que tu podes"
Asas. Asas? Para que? Para quem?
Imagens, espelhos, palavras, ritmo, deleite, delírio...
Ficaria assim falando
Como se para preparar um chá
Não tivesse que ficar esperando a água ferver
Ah sim, loucos são os loucos
E as palavras, traição!
Lá vem elas de novo
São as tuas perguntas tontas
Rotas, em rostos...


     De um chinês?! 


Máquina de pensar,
Puzzle para rimar
De certo não me dei por nada,
Em mim estou
Fuga do sagaz infeliz deus da morte
Roda dos deuses: decifrem tantos pensamentos!
Agite bem, poeta poesia de ninguém
Meta imitante, repetentes clichês oh não!
           

           Estética
   Espaço místico pus
"Fazes o que tu podes"







Tautologia
Não vou nem começar...

Queria viver entre gigantes
Devorar baleias
ser todo transcendental
um pouco mais delicado, por que não sorrir amavelmente?
talvez tome essa caneta aí
e realize a escrita que já não há
agora que só temos
bytes
queria escalar aquela montanha mais alta
mas emolduro planos
de esquecer o que quis
e para não sucumbir ao tédio
é que eu me mudo
que eu me jogo em qualquer
 direção
vou saborear meus pensamentos
em outro lugar
hoje sei o que me traz a calma que
eu que sempre quis
a visão além do alcance
 poderei ver através das grades de onde vivo?

liberdade de ser
até quando...















como o fotógrafo que a fotografar só tinha a si mesmo
ou imagem única a captar
eu pus o espelho diante de mim, mas não consegui me encarar
tinha o rosto coberto de tanto lodo que eu não podia ver
dilacerada, envelhecida
olhei-me novamente
já não era idêntica
flor pálida
flor de Narciso
meu ego pairava sobre a cidade
e todos pareciam pequeninos
seres que sabiam de tudo e eu não!
a falarem de si
a construirem pontes
comendo prostitutas
desposando as santas
ser a andar....
bem calçado
em sonhos
e sonhos
não há realidade

decompondo-se em
cristalinos pedacinhos de ilusão
superando-se as incertezas
mas é que não engulo meu discurso barato
não quero viver em paz
no porto seguro da ignorância e da falta
do que eu não vi




segunda-feira, 11 de novembro de 2013




todo problema do pequeno-burguês
homem ovelha de um todo, lendo o jornal
inquietude em link para saber da morte
todo o esforço do mundo para levantar agora
em busca do uno, harmonia perfeita
que bonita releitura do universo
mas não levanto tão cedo
não podia ser tão extremo o desejo de ficar 
tão só
tudo caindo em descompasso
continuo ainda procurando aquele lugar
anedota perfeita





Até dá pra sentir a chuva trazendo sua melodia cheirosa
Chocando-se contra a paisagem em pingos de vidro
Gosto de ver bem como a água, a estrebuchar-se,
refresca meu mundo de janelas, em casas de olhar de dentro para onde?
Gotas do céu e da terra afastando-se em águas extenuadas,
querem parár de deslizar na lente embaciada da porta, mas num instante é que me cercam a procura de outros pensamentos,
espelhinhos de almas, sem secar, brilhando, brilhando...
encosto a ponta do nariz nesse verde gelado, 
borrão do mundo molhado que se refaz em canto...

 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

o homem de nenhuma cor
em seu infortúnio maquinal
foi trabalhar, sem ter em mente tanto abuso
(o que fazem com ele?)
a não ser, o que respirava, a miséria do engano
que lhe bania do que poderia ver
o homem, em sua empolgadura maquinal
foi receber o grato salário e cumprir com o seu dever
alguém vai obedecer-adoecer
o homem em sua indulgência maquinal
poderia agora ralar tanto a cara no asfalto
do concretismo, embora toda a arte
mas prefere andar por ele (o asfalto) a fuçar
VITRINAS. LATRINAS? MATRONAS?
os olhos, lastimáveis, do pacífico infeliz,
pensam que sabem de tudo
que bom para aqueles que são felizes com são
e que enchem o peito de tanta felicidade por ser a vida o que É
a essas alturas
o homem maquinal, sufocando-se com seu próprio gozo
simplesmente porque viu que isso era bom,
estranha a excitação feita de sangue e de carne,
ar respirável?
o prazer do homem maquinal, muito desumano para ele
é como humilde pele que se desprende do metal

terça-feira, 5 de novembro de 2013



*Homem maquinal (diversas categorias)
*Homem humano (trans)
Homem-cêra?
Homem - vou?
Onde estás?
Homem não pense mais
que pensar é sofrer?!
Por que ater-se ao emaranhado ruim da vida?
Há um só dia?
Se algum homem poderá saber o que É.
E em buscar, confundindo-se,
há.
Não! Pensar é criar e resolver.
Tudo em suas mãos.
Homem-cêra.
Homem - cego.
Homem - vão.
Homem do ocidente construído.
Em desconstrução.
Aos que lhes pese o fardo fato, 
que não lhes pese mais.
Continentes de si.
Descabelam-se.
Descabendo-se.
Da verdade aos poucos.
*pensar nisso...








PAUTA PARA O MEU QUERER


 
MIstério.
Quem compreende a música do desejo? 
Pele ótima.
 A gente não vê o tempo passar.
 Flutuantes estamos.
Invado seu caderno para canções?
 Quero que a gente se passe,
em notas marginais.
Obviedades do que vem de nós dois:
Falar é FÁcil.
 Movimento deslocado no tempo pouco do que já não é:
ao sabor do prazer que te sorvo.
Você veio depois para ver o meu pranto.
Pele ótima.
 Foi a pressa que parou?
 Deslizamos ressonantes em gamas loucas.
Curando um DÓ. Querer Maior? 
LÁ!  O que vejo é um SOL? 
Em SI. Qual a lei, lógica? 
Dar RÉ?

...


Não direi ser destino, desafino.
Direi ser melodia, poesia.




A VIDA EM DIAS (CONTADOS)



Diante de ti, Morte, quem sei o que sou?
Faculta-mes a cura ou o fim?
Chegada a hora.
Cubro-me. Voltarei ao manto da terra?
Algum dia o pertenci? Pó havido. Eu. Houve?
Morte cinzenta de todas as palavras, 
ermo de tudo, tudo enfim...
Ascenderei aos céus?
Transcenderei a ideia de que um dia nasci para ti?
Fim da cor? Penderei? 
Dor de tanto ser,
tanto pode acontecer.
O Amor contigo esvai-se?
Ombro perfeito.
Tácita acolhida.
Viagem quimérica, a mais longa que farei?
Serás a extinção natural de todos os meus sentidos?
Reluto a ti.Porque não te sei.
És equilíbrio, minha Morte, última coisa que direi minha?
Ou és néctar do prazer.
Negação? Afirmação?
Apagou-se a luz, mas não havia escuridão. E a consciência, no termo instante do termo suspiro.
Foi-se.
Pergunta.



segunda-feira, 4 de novembro de 2013

POEMA DO LIVRAMENTO


A mulher precisava de um suporte
a mulher e seu cachecol
o que era o seu molde?
o que era a sua argila?
o que era a sua carne?
a querer livrar-se
de tantas muletas
e terceiras pernas
seu sobretudo
não será seu caixão
mas sua morte virá
e ao pensar é preciso
enternecer-se
ao pensar
é preciso viver
é preciso amar
é preciso respirar
é preciso não pensar
profundamente
se não tem outra saída
astrologicamente
conversar com os loucos
é preciso ser político
ser artista
ser deus
o humano pós moderno
fragmentado
insujeito
sem preconceitos
mentira
perdendo-se
tudo foi criado
e pagamos
a culpa de alguns loucos
porque a humanidade já venceu
já superamos a morte
mas continuamos a pensar nela
não todos, somente alguns
ascendem uma vela
vão ao cemitério
a mulher em seu cachecol
a querer livrar-se de si
vaidade
é e não
é


PELO PRAZER DO INCONCRETO

  

                  DISPERSANDO                                                         OS

                                                                                                                            EU                                                                                                                                                                                                                                 VERSOS                                                                                                                       FIZ
                                                                                                                                          ESTE                                                                                                                            POEMA
                                                                                                                
                                                                                    BARATO








No meio sonho, no meio da vida, meio hippie do que já se foi, meio cigano para o que virá, meio bárbaro para as coisas do dia a dia, vivendo, meio outsider em sua casa, meio pobre, meio inteligente e meio burro, meio alienado e meio convicto, meio certo e meio errado, vivendo in a pocket place, de si mesmo, que volta e meia se alarga num mundão.





o que acontece à beira da solidão
o que se dá a acontecer à beira do medo
o que não se furta o tédio, do viver...
e em pensar incessantemente sobre o sentido do buscar e o sentimento do que se busca,
querendo conhecer, também para se livrar do peso que se carrega por não saber
vai seguindo rumo ao nada!






vão, nas sutilezas da multidão
esse poema rápido surge
urbe! urge!
olhando profundo a cidade mundo
eras a única pessoa boa
dentro da clara confusão
rindo à toa
no meio do mundo cão
deixando perdido o zen
já vem o trem! Lá vem!
não entendia a geografia
zombaria paulistana
muito bem, foste além!
grande pessoa que não é refém
de si mesma
voa! voa!
no ventre de pedra de selva encontra sua parada
da estação que segue para o nada
correndo triste blazê retrô 
a caminho do metrô




Nefelibata!?
Pícaro, pária, doidivanas?!
Loucura escamoteada na pala dos chapéus
das gentes
Incomensurável dizer do que se estima
acolher da infragmentável poética
do ponto ao ponto, na qual a largura de ser se faz
velejante criando a vida entre morrer e nascer
andrógino, suburbano, tropical
a tremer, não te desencantes com o que estás por ver
em versos mal traçados do acontecer
e se sois da ralé, escória
entre escombros da afetação vã,
sentes a falácia em seres o que és?
rasgasdos os rótulos das aparências
beberemos nas garrafas ébrias, flutuantes do porvir





Ei!
 Estou pensando.
 Mas o que eu estou pensando é um pensamento para pensar.
E numa volta é que me vejo.
A cada instante, 
como se fosse a imagem do que é,
 do que foi, 
do que não terá sido
 e ainda não chegado.




Cabelos brancos
Primogênitos
Da tintura da matéria louca que se esvai
Efemerizando tudo?
Mensageiros que recobram a origem
Em que se vê o nada
Em branco acolhedor de todas as lembranças?
Da cor do tempo que caminha

(da cor do tempo em que caminho)
Do movimento dos mundos que se entrelaçam
De tudo que vi, vivi, não vi, ainda não vivi, ainda quero ver, ainda quero viver...
... Fica de tudo, se ao corpo é doado envelhecer,
A candura inexorável do fio-a-fio
De ser em branca cor, igual a todos no fim
Fica de tudo o alvo do irremediável velho
Chegando à cabeça de cada um
No surpreendente avistá-los: imagem do passado algum
E a tocá-los: arautos do sentido, do tempo na carne
E aos primeiros: (re) contá-los, prevendo-se o futuro
Objetivamente, matematicamente, em exatidão de vida e morte...





Banho frio esse do sul
Que igual não tem no norte
Mas eu digo pro banhista:
- lá o calor é forte!

É que um chuveiro bem gelado
Pra deixar mais descansado
o poeta com calor
Pode ter o seu valor
É uma questão de mote!

Quem diria a sua sorte
Do banho que tomou
A lembrança que ficou
Foi aquela do meu norte!


 



é que aquela moça me fez pensar
em frágil grampo erguendo os seus cabelos
contrapor-se a vilania da cidade
sutil beleza em parábola capilar






...é que tudo é muito relativo, agora renda-se ao fato

tudo ficou pequeno na sua cabeça pequena

hum e agora você anda falando esse

português assim globalizado

trabalhando pacas para

ainda ter de

hom...

e

falar

um francês 
um chinês assim da 
china razoavelmente bem

para acompanhar com entusias-

mo todas as declarações super intelectualizadas

e com toda essa empáfia perdoável pela sagacidade... 

 

Palavras ao amigo morto, enquanto vivo.



e tivemos que aprender a gostar dos dias invernais
e das noites de calor, das estações repetindo-se,
aprendemos a beleza das folhas secas brotando em silêncio
e não
a tristeza
de
vê-
las
caindo,
sempre em companhia umas das outras
do algo que se doa
como gota de chuva a tombar na lata velha
ao abandono de si
quando chegado o momento de colher
a noite
o descanso que tu tanto querias







serena a solidão de todas as cidades
vazio repleto de caber em si
dos mundos que explodem em nossas almas
o desespero de tanto pensar me sufoca
para onde vão as histórias que ninguém escreveu?
grande beleza duvidosa de estar para dentro e para fora






À vã larga, vãos criando
Vãos procriador
Amor
Palavra
Que não se acaba
Nas paredes 
Do teu quarto








Norte Sul

Um evento de arte. Eu estava entre parar e andar, meio de lado, em frente a obra intitulada "Mancha da Luz da Tempestade Se Esvaindo", todo branco. Tinha entrado na saleta de exposição desse artista, quem saberá o nome, um americano talvez. Todos os quadros eram quase iguais, em suma. Pintados em diferentes cores. A variação das nuances e as formas abstratas. A tinta borrada, parecia que foi pintado às pressas. O todo azul e branco era a "Imensidão Oceânica Em DES-construção", o verde era "Agora Sumiu A Batatinha", o lilás com preto, cinza e vermelho "Impressões Notívagas". Todos eles lado a lado, preenchendo a saleta do museu, uns planavam "Sem Título", mas igualmente (?) laranjas, bejes e majentas. Olho para minhas unhas descascadas, em tom claro, encontrei minha arte.






 

o menino rompeu a madrugada com seus sonhos fora do léxico
alguém pede um nexo para o menino
mas em versos sem saber de nada
ele está entre a selva e o abismo que parecem sempre os mesmos
passando os olhos pelo projeto
 pelo processo, o menino e a vida
a vida e o contínuo contrafluxo...




DESPEJO DO LAR (POSSÍVEL LETRA REVOLTA, COM LICENÇA POÉTICA)
 
AQUI NA RUA PODE SER
QUE NÃO HAJA AMANHÃ
O DIA DE AMANHÃ
VOCÊ PODE ACORDAR
E NÃO VER MAIS  O AMANHÃ
AMANHÃ? AMANHÃ?
OS COVARDES CHEGARAM E ACABARAM COM TUDO
MEU CAMARADA DIZ QUE NÃO EXISTE MAIS O TEMPO
E VOCÊ PODE FAZER O QUE QUISER COMIGO
VOCÊ PODE FAZER O QUE QUISER COMIGO
ELES TEM O PODER DA MÁQUINA NA MÃO
E A GENTE PROCURA O QUE COMER
GANHANDO A VIDA NO LIXÃO
OS COVARDES VÃO CHEGAR E ACABAR COM TUDO
NÃO TEM MAIS AMANHÃ
NÃO TEM MAIS AMANHÃ

Amor dura mais que um dia
Alarga, beleza que se compõe
Ao renascer do que jazia
Dá-se o mistério que a razão opõe
O querer é sábio ao deixar
O que se ama ir sem prender
É o contrário de não amar
Insensato é não viver
Depois do tempo recrudesce a chama
Infeliz é quem não ama
 O que não quer perder
Amar dura mais
Dura mas ama
Armadura a mais




Não sei fazer um poema inteiro
mas ando pelo meio das coisas
o que eu não sei dizer vai em versos
minguada tecnica mas a cisma de um canto
apoteose de sais nesse dito maluco
a poesia que eu não sei
ela me diz que a gente se faz
Diante fica a página em branco. De versos singelos que não pude dar, de momentos que não pude esquecer vivendo, de esquecer que já estava alcançando quando já via a coisa escorrer pelas mãos, pulando, o salto para o inquieto mundo que ainda nunca chega e quando perto de chegar, voltando, querendo, sonhando. Alçando-se daquela mania de sorver a vida ou estar sempre à frente ou sempre atrás do próprio, mas nunca no seu ponto mesmo. Do cansaço de dizer que todos estão loucos e de ver que nem é tanto assim. É que nesse mundo atribulado, de vai e vem, ou quem consegue ficar sempre parado, achando que já deu? Resiste a viver em sua dor, sintomas da sua fraqueza, esse mal estar, do seu desequilíbrio? Passaria a vida toda perguntando a si mesmo o que foi feito, passando o tempo? Dos sábios ouve: seja como for, evitar os vícios, não são bons pra ninguém, não faça isso, faça aquilo, isso vai dar um bom dinheiro. Como queria ser você. Um café, talvez um cigarro. São coisas que todos fazem, mas abandonar tudo pensando em fazer isso como quem lava as mãos?! Mudar de nome, julgando-se a si mesmo culpado e medíocre, de endereço, sempre perdendo o celular, trocando de número, disfarçando seu aspecto dúbio, refugiando-se no além? E como podia ser diferente das arestas que lhe prendem e que não lhe fazem despertar, de si, de si. Ecos. Seria melhor pensar em definir logo todas essas metas, tornando tudo bastante coerente para todos que o amam, que o esperam, que o impelem a algo, desejando ver o seu sucesso logo. Logo. É tudo isso aí. Fecha os olhos e mergulha num incrível sonho profundo que virá é que tudo já começou. E bem diante de si está tudo pronto, a casa, a família, o almoço na mesa, a roupa lavada, o computador e o dia todo, um emprego decente, respeitável. Mas tinha que ruminar tudo isso. Diante da página fica tudo em branco.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

POEMA PARA O IMUNDO





O mundo.
Ê mundo!
Um mundinho:
Imundão.
Muda mundo!
A moda,
O mudo medo,
O modo do mundo aço.
Se mudado,
O mundano,
Se amado,
O imundo,
Será ainda mudo?
Ah mundo,
Se amado mudas
Mundas amando?
És Mundo?
És Mundão?