lan house
Vou escovar os
meus dentes quando tu partires, eu sei.
Até anoitecer
o café, enquanto tu te arrumas para sair. O só. Uma camiseta.
Dizes que vais
até a lan house, mas sei que não
voltas nunca mais para mim.
Como aquele
dos cigarros que se foi sem dizer adeus. A vida, um enorme clichê, sem tu
dizeres até logo, porque não deu.
Vai ficar
agradável aqui sem o teu corpo, sem o teu cheiro e as tuas gracinhas
melancólicas, vai sobrar mais espaço para eu não ter gatos, nem cachorros, nem
plantas. Também não vou pintar as paredes, fico imaginando deseninhos
formando-se com as manchas, como nuvens no meu céu, será que derramei o café? Talvez eu troque as cortinas
imaginárias, talvez. E assista mais a televisão que a mamãe me deu, se sobrar tempo pra
ganhar a vida, preciso trabalhar.
Uma cadeira
sem graça, um vazio se mexendo pelo sofá-etéreo, pela cama-buraco, na mesa-
bamba, reverbera no meu ventre parado esse
vento frio e a nossa presença nesse cenário nada nos diz do que somos, apenas
que o amor dá tantas voltas.
O barulho da
descarga: - Pronto, já vais, né? Pois acho
melhor que tu morras logo!! E que te atropelem no caminho dessa tua lan house, que eu sei... não vai, não
vai, fica. .fica!!