Tempo de Manga
Manga na cabeça, manga que errou por um triz a ponta do seu nariz!
Manga na calçada, na calada do dia e na manga da noite, na sarjeta ou sobre a mesa, uma banda de manga dentro da geladeira, fechando o bueiro, caroço tão lambido que ficou branquinho...
Manga nunca natureza morta
Manga do apanhador de manga, com suas varas de pau, paninhos de partes de roupa e paneiro de palha, sua arte é apanhá-las nas ruas das mangueiras.
Vão caindo, vão caindo, no tempo de manga dá, dá
Caiu da Mangueira, estrebuchada no chão, uma manga boa novinha, vou levar!
Manga com farinha, com fiapo no dente, com sujo do chão, vou comer todinha, vais virar suco aqui mesmo!
Manga que amassa latão de carro, que assusta a moça que passa, que deixa quem não a juntou sem graça, manga da praça, esperando no carramanchão
Manga na prateleira, na moita, na esquina, no anteparo do portão, na casquinha do sorvete da velhinha, no tabuleiro, na sacola, pro lanche na escola
Manga na janela espiando o vizinho, no quintal, no vaso, no carro, no sinal, escondida a trás da porta, embaixo do jornal, manga voando... vi algumas no telhado
Manga na lama, na cama, manga fama da cidade, sujando a carteira dentro da bolsa até chegar em casa as gentes, em cima do muro, no balde
Caiu da mangueira, aquela sem um arranhão, manga pro cidadão, vou levar de presente pro meu parente!
Tinha manga no chapéu
Caía manga do céu
Na gôndola do supermercado LíderZan tem manga, mangas daqui e de outros lugares, mas prefiro essas que caem das árvores e que são de grátis!
Manga no papelão do homem da rua que dorme na Doca, no Ver-O-Peso, na Terra Firme, no Guamá, na Pedreira, na Pratinha, sei lá
Manga por dentro um coração
Meia-lua polpa, semente ao solo querendo atenção
Manga de amigos, manga de chupar a saudade das tuas avenidas de mangas chuvas e de mangas sol, Belém, de mangas tempestades que te levam, de ventos de rios, da intimidade de casa, da árvore na porta, das magueações... - A manga, mana, é de quem pegar primeiro.