sexta-feira, 20 de junho de 2014



a calçada

Olhavas certamente para baixo
quando tudo girou
e se seus olhos encontraram a sarjeta
é! a sarjeta...
a fálica
a calçada
foi redemoinho de mundo bêbado que causou
olhavas por entre as tuas próprias pernas, conseguindo ver o que ficou pra trás
vala a escoar cada sonho cansado
sinuoso beco, erguendo a escuridão e um cheiro da ureia de tantos
dessa insalubridade
quente quente quente  -  não  vá quebrar o pescoço, sob o sol!
o dia vai amanhecer  o seu suor por aí
quando lembrará o beijo sugado que roubou do homem no chão caído
quando espalhava-se pelo monturo, com suas roupas rasgadas de mulher
sua pintura barata, o batom borrando a cara sentida
ficarás confuso e com dó de tudo
saberias  sentir o embaraço de ir ao chão?
só quando pulou a ratazana
eu vomitei nas tuas coxas, Odalice, será que alguém nos viu? tu te lembras dessa noite?
por debaixo dos bancos deu pra seguir os passos 
de alguém que correu pra erguer meus cabelos molhados, a carne digerindo-se
ainda a se perguntar, colocando o previsível em tudo: por que as esquinas são tortas...